“Professores de escolas particulares em Vila Velha (ES) denunciam baixos salários, precariedade e medo de represálias”

Foto divulgação: Internet Agência Brasil

Professores da rede particular de ensino em Vila Velha (ES) buscaram a Rádio Ativa para denunciar condições precárias: salários tão baixos quanto R$ 1.500 mensais, falta de fiscalização por parte de órgãos competentes e coação para que não falem sobre a situação por medo de serem demitidos.

Por Charles Manga

Vários professores relataram à nossa reportagem que dão aulas em escolas particulares e enfrentam sérias dificuldades. Além do baixo salário, alguns afirmam que recebem cerca de R$ 1.500 por mês, eles lidam diariamente com desrespeito por parte dos alunos.
Segundo esses professores, muitas vezes não se sentem seguros para reagir ou repreender alunos, por temerem possíveis represálias por parte dos pais ou da direção da escola. Um docente, que preferiu não se identificar por medo de retaliação, disse que “a coação é real”: “se eu falar, posso perder meu emprego”.

Sindicato e responsabilidade de fiscalização

De acordo com os professores, o Sindicato dos Professores do Espírito Santo (Sinpro-ES) não tem agido como deveria para fiscalizar as escolas particulares locais.
“Eles pedem para denunciarmos para que o sindicato intervenha, mas quem vai ter coragem de denunciar e ficar sem emprego?”, questiona outro professor.
Os relatos sugerem a possibilidade de que algumas escolas privadas escapem da fiscalização ou sejam “beneficiadas” por uma fiscalização frouxa, especialmente na região de Vila Velha, segundo os próprios docentes.

Diferença salarial entre rede pública e privada

Segundo a Lei do Piso Nacional do Magistério, para 2025, o piso para professores de 40 horas semanais na rede pública é de R$ 4.867,77.  
Estudos acadêmicos sobre a diferença salarial entre professores do setor público e privado apontam que, em média, professores públicos ganham mais. 
Outra pesquisa do CPP (Centro do Professorado Paulista), trazendo dados nacionais, mostra que muitos docentes da rede privada recebem salários inferiores ao piso do magistério público. 
Esses números evidenciam um grande fosso entre o que se paga para muitos professores particulares e o mínimo nacional para professores públicos.

Consequências para a qualidade do ensino e para os próprios professores

A remuneração baixa, combinada à insegurança no ambiente escolar, pode levar ao desestímulo profissional, ao esgotamento e à rotatividade alta, pois muitos professores acabam acumulando empregos para sobreviver.
Isso também impacta os alunos: um professor que ganha pouco e teme represálias tende a ter menos estabilidade, menos tempo para planejamento de aula, menos recursos emocionais para lidar com problemas disciplinares, o que pode afetar a aprendizagem.

O que pode ser feito e o que a categoria exige

Professores pedem que o Sinpro-ES assuma uma postura mais ativa e proativa: não apenas encorajar denúncias, mas também fiscalizar as escolas mesmo na ausência de denúncias individuais. Que se faça uma solicitação, para que a Secretaria Municipal de Educação de Vila Velha ou o Conselho Municipal de Educação investiguem essas denúncias de maneira sistemática. Eles Propõem, ainda, campanhas de sensibilização para os pais sobre a importância de valorizar os professores, para que não haja perseguição ou represálias quando professores reclamarem de condições de trabalho. Os Professores também sugerem que o Ministério Público do Trabalho (MPT) ou outra instância de fiscalização trabalhista seja acionada para averiguar contratos, pagamentos e condições de trabalho.

Perguntas inquietantes para reflexão

Quem, de fato, vai ter coragem de denunciar, se teme perder o emprego?
Até quando os professores vão aceitar trabalhar com remuneração tão baixa e condições tão frágeis?
Quando o Sinpro-ES e os órgãos públicos vão finalmente assumir a responsabilidade de fiscalizar, para garantir um tratamento justo à categoria?

Conclusão:

A denúncia dos professores de Vila Velha revela mais do que um problema local: é um sintoma de uma questão estrutural da educação privada no Brasil, onde nem sempre os profissionais são valorizados como deveriam. Para mudar essa realidade, é urgente que haja investigação, mobilização sindical, denúncias seguras e compromisso das instituições públicas envolvidas.


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