Crise e Confronto: Mortes em Megaoperação Exacerbam Conflito Político entre Rio e Governo Federal
Por Charles Manga – Especial para Jornal Ativa ES
Rio de Janeiro, 29 de outubro de 2025
A terça-feira, 28 de outubro de 2025 , ficará marcada como um dos dias mais violentos da história recente do Rio de Janeiro. Uma megaoperação da Polícia Militar e da Polícia Civil nos complexos do Alemão e da Penha, na zona norte da capital, revelada em mais de 100 mortos , segundos números oficiais, e em estimativas que ultrapassaram 120 vítimas , de acordo com organizações de direitos humanos.
Enquanto as ruas das favelas ainda exibem as marcas dos confrontos, casas perfuradas, carros queimados e moradores em pânico o embate entre o governo estadual e o governo federal se intensifica em meio a acusações de negligência, omissão e manipulação política.

O dia em que o Rio virou campo de batalha
A operação, que reuniu cerca de 2.500 agentes , tinha como objetivo desarticular núcleos do Comando Vermelho , facção que controla parte do tráfico de drogas e do comércio de armas na região. O que seria uma ação pontual transformou-se em um verdadeiro cenário de guerra urbana. Relatos de moradores e vídeos nas redes sociais envolveram tiroteios incessantes , barricadas incendiadas e até o uso de drones lançando explosivos por parte dos criminosos.
Ao final do dia, corpos foram levados para as praças e ruas da Penha, numa cena que gerou revolta e desinformação. Segundo o governo estadual, os traficantes pretendiam caracterizar os mortos como civis , retirando roupas camufladas e simulando situações de execução, numa tentativa de reverter a opinião pública.
“ O Rio de Janeiro continuará combatendo o crime com ou sem ajuda do governo federal”, declarou o governador Cláudio Castro, em entrevista à Rádio Ativa RJ/ES.

Entre a política e a segurança pública
O confronto verbal entre os governos estadual e federal ocorre num momento de polarização política acentuada . Castro é aliado de figuras da direita, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro , enquanto Lula tenta manter distância de operações policiais que resultam em grande número de mortes, buscando preservar sua imagem no exterior.
Analistas apontam que a falta de coordenação entre os níveis de governo compromete a eficácia das ações de segurança e coloca a população no centro de um fogo cruzado que é tanto literal quanto político.

Repercussão nacional e internacional
A ONU e organizações de direitos humanos classificaram a operação como uma das mais letais da história do Rio e pediram investigação independente sobre as situações das mortes. Veículos internacionais como The Guardian , Reuters e AP News destacaram o uso de armamento pesado, o alto número de vítimas e a tensão entre o governo estadual e o federal.
Enquanto isso, moradores do Alemão e da Penha denunciam abusos, revistas violentas e mortes de inocentes. A Polícia Civil, por outro lado, afirma que a maioria dos mortos era de “integrantes armados do crime organizado”.
O que ainda está em aberto
O número exato de mortos segue em apuração ;
A existência de pedido formal de apoio federal é contestada por ambas as partes;
O impacto humanitário nas comunidades afetadas desalojados, feridos e danos materiais ainda não foi completamente dimensionado.
Conclusão
A operação de 28 de outubro expôs duas faces da mesma tragédia: a violência cotidiana que corrói o Rio de Janeiro e o conflito político que paralisa as respostas do Estado brasileiro. Entre acusações mútuas e discursos ideológicos, a população das favelas segue refém da guerra uma guerra sem vencedores, onde cada corpo no chão é um lembrete de que o país ainda não conseguiu resolver sua mais antiga ferida: a ausência de um projeto de segurança pública integrada e humana .
Por Redação Ativa ES


