Ex-assessor de Bolsonaro, Marcelo Câmara é preso por determinação de Moraes
Postado 19/06/2025 04H05

Por Carlos Lima/ Charles Manga
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a prisão preventiva do coronel Marcelo Câmara, por tentativa de obstruir a investigação sobre o golpe de Estado. A medida já foi cumprida e o réu já se encontra sob custódia da Polícia Federal (PF). Moraes também decidiu instaurar um inquérito contra Câmara e seu advogado, Eduardo Kuntz, que informou ter conversado com o tenente-coronel Mauro Cid sobre o seu acordo de delação.
De acordo com Moraes, ambos tentaram obter dados sigilosos relativos ao acordo de colaboração premiada de Cid - o mesmo motivo que levou à prisão preventiva do General Braga Neto. O ministro determinou que Câmara, Kuntz e Cid sejam ouvidos pela Polícia Federal (PF) em até 15 dias. Moraes observou que Kuntz teve "conversas realizadas pelo Instagram e por meio de contatos pessoais na Sociedade Hípica de Brasília" no período em que Câmara estava preso. O próprio advogado disse ao Supremo que teria falado com Cid por meio de um perfil que seria da esposa do delator, que estava proibido de usar as redes sociais. As conversas foram publicadas pela revista Veja.
Os fatos "indicam o perigo gerado pelo estado de liberdade do réu", por isso a ordem de prisão preventiva. Moraes disse que Câmara é um agente de "extrema periculosidade", na medida em que integrava organização criminosa violenta. O grupo, relembra o ministro, é acusado de articular o "monitoramento de alvos e planejamento de sequestro e, possivelmente, homicídios" de autoridades como o próprio Moraes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o vice-presidente Geraldo Alckmin.
Moraes afirma que, segundo as informações prestadas pela própria defesa de Câmara, houve descumprimento das medidas cautelares impostas quando o réu foi colocado em liberdade provisória - o que revela "completo desprezo" pelo STF. Isso porque o coronel estava proibido de manter contato com os demais investigados, mas acabou fazendo isso por meio do seu advogado. A intenção de Kuntz seria "descobrir os termos do acordo de colaboração para beneficiar" seu cliente no futuro. Em nota, enviada à CNN, o advogado Renato Marques Martins disse o seguinte:
"Tendo sido nomeado pela Comissão de Direitos e Prerrogativas da Ordem dos Advogados do Brasil Secção São Paulo para defender o advogado Luiz Eduardo de Almeida Santos Kuntz contra a abusiva determinação de instauração de inquérito policial para a apuração do suposto crime de obstrução à investigação sobre organização criminosa, afirmo que ele, tendo sido procurado pelo Sr. Mauro Cid, exerceu seu dever de verificar se a delação daquele foi ou não espontânea, ou se houve algum tipo de coação ou pressão para que ele acusasse terceiros falsamente, o que, pelo que consta das mensagens enviadas pelo Sr. Mauro Cid, infelizmente ocorreu", afirmou.
"A instauração de uma investigação contra um advogado que nada mais fez do que bem e devidamente exercer a defesa do seu cliente, verificando se as acusações contra aquele eram verdadeira ou falsas, representa uma tentativa de calar a Defesa que não deve ser e não será admitida em uma sociedade democrática", finalizou.
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