Serra e Vila Velha perdem pontos na Qualidade de vida por violência contra a Mulher e baixo índice de vacinação contra Poliomielite

Por Charles Manga - Fonte IPS/ IBGE - Texto : Vinicius Zogoto 

Serra e Vila Velha estão entre as 11 grandes cidades com menor qualidade de vida no país. Resultado é demonstrado quando os municípios capixabas são comparados com outras localidades de grande porte, em estudo que usa dados públicos para medir o progresso social. 


Serra e Vila Velha, estão entre os 11 municípios brasileiros acima de 500 mil  habitantes com o pior desempenho no Índice de Progresso Social (IPS) 2025. Os principais indicadores que puxaram as notas das cidades para baixo estão ligados à segurança pública e à assistência social. No ranking das localidades com os piores desempenhos, Serra aparece na 10ª colocação, com uma nota de 64,53 pontos em uma escala que vai de 0 a 100. Vila Velha, por sua vez, está em 11º lugar, com 64,55 pontos. No levantamento, o IPS fez recortes populacionais com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e separou os municípios com população acima de 500 mil habitantes em um grupo. Desta forma, somente 48 localidades de todo o país entraram nessa classificação, incluindo Serra e Vila Velha, os únicos do Espírito Santo com esse contingente populacional, segundo a coordenadora do estudo, Melissa Wilm.

“Serra, por exemplo, ficou na 10ª posição dos piores, não quer dizer que é o pior. É um recorte, de fato, pequeno. A gente fez essa análise para considerar mesmo outra  métrica de avaliação. Serra, apesar de estar dentro desse grupo dos piores, ficou em sexto lugar no Espírito Santo entre os melhores. Quando a gente olha todos os municípios do Brasil, ficou na posição 587. Ou seja, tem quase 4.900 municípios atrás”, explicou. Já Vila Velha aparece em 5º lugar entre os municípios com maior qualidade de vida no Estado. Os dados do IPS mostram que as cidades pontuam bem quando são comparadas a outras localidades capixabas, mas ficam abaixo quando comparadas a outras maiores, de diferentes regiões brasileiras.

A maioria das cidades com o pior desempenho está no Rio de Janeiro. Há ainda municípios do Pará, Pernambuco, Bahia e Goiás. O IPS vem de um entendimento de que desenvolvimento econômico não corresponde necessariamente a desenvolvimento social. 

Homicídios puxam índice da Serra para baixo

A coordenadora do IPS aponta que a Serra se destaca em áreas como saúde, oportunidades e acesso a programas de direitos humanos, à cultura, ao lazer e ao esporte. O estudo mostra segmentos que o município precisa ter mais atenção, como: assassinato de jovens e homicídios, distorção idade-série no ensino médio, Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) do ensino fundamental, pessoas em situação de rua e paridade de gênero na Câmara Municipal. A Prefeitura da Serra afirma que os dados recentemente divulgados não refletem com fidelidade a realidade atual da cidade e que, embora a metodologia do IPS tenha valor analítico e ofereça uma referência útil para comparações entre municípios, há limitações. Em relação à segurança, alega que o município passa por uma redução histórica de violência, tendo registrado somente três homicídios em março, com queda de 78,57% em relação ao mesmo mês do ano passado. Destaca também que, além do reforço no quadro de agentes, tem ampliado o sistema de videomonitoramento, aumentado o patrulhamento em áreas estratégicas e investido na integração com as Polícias Militar e Civil e outros órgãos.

No indicador educação, diz haver melhoria contínua nos indicadores, demostrada em números, com o Ideb saindo de 3,8 em para 5,5 nos anos iniciais e de 3,4 para 4,5 nos anos finais, entre 2007 e 2023. O município ainda afirma que tem ampliado os serviços de apoio voltados às mulheres em situação de violência. Um dos principais equipamentos oferecidos é o Centro de Referência de Atendimento à Mulher em Situação de Violência (Cramvis), que presta suporte psicossocial, orientação jurídica e encaminhamento para abrigos nos casos em que há risco de morte. Além disso, foram inauguradas duas unidades da Casa da Rosa, equipamento público que auxilia e qualifica mulheres para o mercado de trabalho.

E, neste ano, passou a funcionar a Ouvidoria da Mulher, primeira do Estado especializada no atendimento feminino. O município também passou a oferecer auxílio para transporte intermunicipal e interestadual, garantindo uma alternativa segura para que vítimas de violência de gênero possam deixar locais onde correm risco. As mulheres em situação de violência também estão incluídas entre os beneficiários do aluguel social, no valor de R$ 650. O benefício é pago diretamente ao proprietário do imóvel alugado.

Índice de Vila Velha é afetado por taxa de cobertura vacinal

Em Vila Velha, os indicadores estão atrelados à boa expectativa de vida, densidade de telefonia móvel, baixa taxa de obesidade, ações para direitos de minorias, acesso à cultura, ao lazer e ao esporte, empregados com ensino superior e nota mediana do Enem. Aparecem entre os pontos negativos: taxa de violência contra mulheres, alto índice de pessoas em situação de rua, respostas a processos familiares, assassinato de jovens, domicílios com iluminação elétrica adequada e cobertura vacinal (poliomielite).

 A Prefeitura de Vila Velha afirma que vem adotando medidas para a melhoria da cobertura vacinal, especialmente no que diz respeito à poliomielite. E informa ter aderido integralmente ao microplanejamento elaborado pelo Ministério da Saúde, como ferramenta estratégica para identificação de áreas com baixa cobertura vacinal e para a definição de ações direcionadas. Sobre pessoas em situação de rua, destaca que realiza um trabalho intenso e diário de abordagem, por meio do Serviço Especializado em Abordagem Social (Seas) em todas as localidades de Vila Velha com demanda.

Em relação a políticas para mulheres, diz que conta com uma secretaria que tem o objetivo de desenvolver ações para prevenção e enfrentamento da violência, dando apoio às famílias em todos os seus aspectos. O executivo municipal resalta, por fim, que está em fase de finalização o Termo de Cooperação Técnica com a Defensoria Pública e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) para ampliar o número de atendimentos jurídicos para mulheres vítimas de violência, que precisam solicitar pensão alimentícia, guarda dos filhos, divórcio, entre outras demandas.

Como os índices são medidos

Foi medido o desempenho social e ambiental de todos os municípios brasileiros com base em 57 indicadores oriundos de fontes públicas separados em três grupos principais.

1. Necessidades humanas básicas: mostra se necessidades essenciais como comida, saúde, moradia e segurança estão sendo atendidas;

2. Fundamentos do bem-estar: analisa se há acesso à educação fundamental, à informação, à vida saudável e ao meio ambiente;

3. Oportunidades: aponta se os direitos individuais estão protegidos e como está o acesso ao ensino superior. Para calcular o índice de 2025, o levantamento cruzou esses indicadores com informações extraídas de diferentes fontes públicas como DataSUS, Ministério da Saúde, Ministério da Cidadania, Sistema Nacional de Informações sobre o Saneamento, Inpe, CNJ, IBGE. MapBiomas, Anael, CadÚnico, entre outros.

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